terça-feira, 29 de setembro de 2009

10 Motivos para se fazer um parto normal

Mae e filho

10 Motivos para se fazer um parto normal

Muitas histórias e mitos chegam ao conhecimento dos pais quanto à escolha do tipo de parto. É imprescindível tornar claros os critérios, motivos e peculiaridades que acompanham cada um deles para que não sobrem dúvidas ou receios e permitam que os pais conheçam as conveniências e comodidades que só o parto normal pode trazer à vida das gestantes e seus filhos.

Este material, elaborado com o objetivo de divulgar e esclarecer os benefícios do parto normal, auxiliará a entender por que o Governo Federal e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estão realizando campanhas pela redução de cesáreas e incentivo ao parto normal.

O Brasil tem o segundo maior índice de cesarianas do mundo. Dados do Ministério da Saúde apontam que 41,8% dos partos realizados no país em 2004 foram cirúrgicos, e no setor privado, incluindo os planos de saúde, esse número alcançou 79%. Só para comparar, nos Estados Unidos, a taxa é de 20,6%; na Inglaterra, 19% e, na Holanda, somente 14%. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse índice deve estar entre 10% e 15%. A OMS tem alertado para a epidemia mundial de partos cesarianos e para os seus altos índices de mortalidade materna e infantil registrados, inclusive em países desenvolvidos.

O parto, exceto o de alto risco, é um acontecimento tão natural que a primeira cesárea que se tem notícia na história ocorreu em uma pequena cidade suíça, por volta do ano de 1500. Foi realizada por um homem comum em sua esposa, com a ajuda de algumas parteiras, pois, por alguma razão, a criança não queria sair do ventre da mãe. Antes disso, entretanto, a operação cesariana só era feita após a morte da parturiente com a finalidade de salvar o feto ainda com vida.


Conheça agora os 10 principais motivos para a escolha do parto normal:

1. É preciso esperar a “hora certa para nascer” – Nos partos marcados com antecedência, com dia e hora para acontecer, a chance de a mãe ter alguma hemorragia é

oito vezes maior que no parto normal, pois o útero pode não estar preparado para aquele momento.

2. Maturidade fetal – O trabalho de parto é um processo físico e hormonal e serve para terminar o amadurecimento do bebê, principalmente seus sistemas respiratório, imunológico e nervoso. Nas cesáreas, pré-agendadas, há maior prevalência de bebês prematuros em virtude da indução do trabalho de parto realizada antes da total maturidade fetal.

3. Segurança para a mãe – Todos os estudos rigorosos comprovam que o parto normal é mais seguro para a gestante e seu bebê. Como não há intervenção cirúrgica, não há riscos de infecções. A cesárea é considerada uma cirurgia “de grande porte”, tendo em vista que sete camadas distintas do abdome são abertas, aumentando a chance de contaminações na cavidade peritoneal, que é hermeticamente isolada, levando a uma significativa perda da resistência do organismo. Estudo brasileiro, publicado em 2003, que pesquisou durante vinte anos as mortes maternas no Rio Grande do Sul, constatou risco de morte quase 11 vezes maior para as mulheres submetidas à cesariana se comparadas às que fi zeram parto vaginal. Existe risco de complicação de aproximadamente 0,6% a cada vez que uma mulher é operada. De modo geral, a cesárea tem quatro vezes mais risco de morte materna e 10 vezes mais risco de morte neonatal. Essa taxa se repete no mundo todo, independentemente das condições tecnológicas em que são feitas as cesáreas. Além disso, no parto normal ocorrem os menores índices de tromboembolismos, uma doença ocasionada pela alteração da coagulação sangüínea.

4. Bom para o bebê – A criança merece vir ao mundo da melhor forma. Com o parto normal, ela está física e psicologicamente preparada para nascer. Batimentos cardíacos e respiração são ajustados à sua nova condição de vida. Quando o bebê passa pelo canal de parto, há uma compressão do tórax que elimina as secreções pulmonares de líquidos localizados nas áreas respiratórias. No parto normal, inclusive, a produção de leite materno será maior do que em uma eventual cesárea. E esse alimento será a primeira fonte de nutrientes do bebê nos seis meses iniciais de vida.

5. Menor sofrimento – O medo e a insegurança sempre potencializam a dor na hora do parto. Este incômodo nada mais é do que o resultado da contração muscular do útero e da distensão de diversas estruturas do canal do parto. Uma boa preparação, tanto física como psicológica, aumenta os níveis de endorfinas (substância produzida pelo próprio organismo que tem propriedades analgésicas). A dor deixará de existir completamente depois do parto, enquanto na cesárea, sempre feita sob anestesia (geralmente peridural), ela sempre virá após o término de sua ação anestésica, de maneira mais intensa e durante um maior período de tempo. Além do que, também há a possibilidade de reações adversas à anestesia. Caso a dor do parto vaginal seja insuportável, pode-se fazer a analgesia peridural (com baixa dose), em que somente a sensibilidade da mulher é retirada enquanto a parte motora continua a agir.

6. Amamentação instantânea – O bebê pode ser amamentado já na sala de parto e receber os primeiros carinhos da mãe, tornando ainda mais fortes seus laços afetivos.

7. Recuperação imediata – Partos normais permitem que as mães deixem o hospital mais rapidamente, enquanto as submetidas a cesáreas permanecem por mais tempo no ambiente hospitalar, sem contar que ainda podem ter febre, hematomas, infecções do trato urinário, do útero ou da ferida cirúrgica, além de paralisia do intestino ou da bexiga, com conseqüente sensação dolorosa que acompanha essas complicações.

8. Sem cicatriz e sem trauma perineal – Como não há intervenção cirúrgica, não há marca de cicatriz a ser deixada no corpo da mulher. Mas atenção, uma conversa com o obstetra e com a equipe que dará auxílio no momento do parto normal é importante para que não haja o corte do períneo (episiotomia). Ao permitir que o bebê nasça vagarosamente, apenas com a força da contração uterina, o períneo tem maior chance de distensão fisiológica e, assim, minimizar a possibilidade de haver laceração e trauma perineal.

9. Interação entre a mãe e o bebê – Em virtude da recuperação imediata no pós-parto, os vínculos são potencializados. No parto normal a mãe ajuda seu filho a nascer e os dois se relacionam desde o primeiro momento.

10. Sem sair de casa – Segundo a especialista holandesa em parto normal e defensora da humanização do nascimento Mary Zwart, é natural entre os mamíferos permanecer em seu próprio ninho durante o parto e não sair dele. As mulheres que não apresentam risco gestacional devem ter a opção de trazer seus filhos à luz em seus próprios lares, desde que haja uma estrutura mínima necessária e o auxílio de uma obstetriz, parteira ou doula que conduza o processo e garanta a saúde da mãe e do bebê. Não se pode transformar algo natural em um evento cirúrgico.


Indicação para a realização de Cesárea

O parto cirúrgico, como se vê, só é necessário quando há algum risco na gravidez que impeça a gestante de trazer ao mundo uma criança de forma natural. Nenhum outro motivo é suficientemente forte para que a opção da cesariana seja realizada. Por isso, é de fundamental importância o acompanhamento durante todas as etapas do pré-natal. O médico deverá avaliar a necessidade do parto cirúrgico nas seguintes condições:

• gestação de gêmeos;

• bebês acima de 4,5 kg;

• bebê em posição anormal;

• bebê com padrões de batimentos cardíacosanormais;

• descolamento prematuro da placenta;

• gestante com problemas de hipertensão e diabetes;

• encurtamento do cordão umbilical;

• eclampsia ou pré-eclampsia;

• gestantes portadoras de herpes genital (situação de crise na hora do parto);

• gestantes portadoras de HIV (se a carga viral na hora do parto for desconhecida ou estiver maior ou igual a 1.000 cópias/ml e a idade gestacional for maior ou igual a 34 semanas).


Fontes:

• Parto Normal ou Cesárea?, de Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte. São Paulo: Unesp.

• Hall, 1999; ICAN, 2003.

• ONG Parto do Princípio – www.partodoprincipio.com.br

• Davi & Kumar, 2003.


Gravida

Mitos e Verdades Associados ao Parto Normal e à Indicação Cesária

Desempenho sexual comprometido

Atualmente, há comprovação de que a sobrecarga na musculatura pélvica é causada pela gravidez e não pelo parto, e o bom tônus vaginal depende mais de exercícios vaginais o que de intervenções cirúrgicas.

Falta de dilatação

Tecnicamente não existe falta de dilatação nas mulheres. Ela só não acontece quando não é esperado o tempo suficiente. A dilatação do colo do útero é um processo passivo que só acontece com as contrações uterinas fisiológicas.

Bacia estreita

Existem situações não muito comuns em que um bebê é grande demais para a bacia da mulher, ou então está numa posição que não permite seu encaixe. Não mais que 5% dos partos estariam sujeitos a essa condição.

Bebê passou da hora

Os bebês costumam nascer com idades gestacionais entre 37 e 42 semanas. Mesmo depois das 42 semanas, se forem feitos todos os exames que comprovem o bem-estar fetal, não há motivos para preocupação. O importante é o bom pré-natal. Caso os exames apontem para uma diminuição da vitalidade do feto, a indução do parto pode ser uma ótima alternativa para evitar cesárea.

Cordão enrolado

O cordão umbilical é preenchido por uma gelatina elástica, que dá a ele a capacidade de se adaptar a diferentes formas. O oxigênio vem para o bebê através do cordão direto para a corrente sangüínea. Assim, o bebê não fica sufocado pelo cordão umbilical enrolado em seu pescoço, não se fazendo necessária a cesariana por esse motivo.

Não entrou ou não teve trabalho de parto

Toda mulher entra em trabalho de parto, mais cedo ou mais tarde. Ela só não vai entrar em trabalho de parto se a operarem antes disso. Somente nos casos de alto risco, devidamente diagnosticados, a cirurgia pode ser necessária.

Placenta envelhecida

A qualidade da placenta isoladamente não tem qualquer significado. Ela só tem significado em conjunto com outros diagnósticos, como a ausência de crescimento do bebê, por exemplo. A maioria das mulheres tem um “envelhecimento” normal e saudável de sua placenta no final da gravidez. Só será considerada anormal uma placenta com envelhecimento precoce, por exemplo, com 30 semanas de gravidez. Independentemente disso, outros sinais de sofrimento fetal devem ser avaliados pelo médico.

Gestantes portadoras de HIV

O parto normal pode ser feito desde que ela faça um tratamento adequado durante toda a gestação e, no momento do parto, a carga viral for indetectável ou menor do que 1.000 cópias/ml. De acordo com pesquisa realizada pela Dra. Andréa de Marcos, pesquisadora da Unifesp, foi constatado que a infecção no pós-parto entre mulheres com HIV é seis vezes maior na cesárea.

Segundo parto

Não há problema algum em realizar um parto normal já tendo feito cesáreas em gestações anteriores. Como regra, o parto normal sempre é mais seguro que a cesariana. No caso do parto normal após cesárea (PNAC), o principal risco é o de ruptura uterina. A taxa de ruptura uterina nos PNACs é de 0,5%. Caso ocorra ruptura, a mulher deve ser imediatamente operada para que o bebê seja retirado e a abertura seja fechada. No entanto, deve-se lembrar que a ruptura uterina também ocorre em mulheres que nunca engravidaram ou foram operadas, bem como antes do início do trabalho de parto.

Fórceps

A verdade é que o uso do fórceps deve ocorrer em caso de sofrimento fetal agudo ou em casos em que é necessário corrigir a posição da cabeça do feto (distocia de rotação). É um evento muito raro. Muito mais eficiente do que o uso do fórceps é permitir que a mulher fique semi-sentada, com o corpo o mais ereto possível, de preferência de cócoras, para ter força de expulsão.

Ligadura de trompas

Durante a cesárea não é recomendável que se faça a ligadura de trompas, que pode ser feita nas 24 horas subseqüentes após o parto, por meio de uma incisão periumbilical (local de fácil acesso às trompas), com menor risco operatório.

Fonte: http://www.uniaosaude.com.br/site/?responsabilidade-social&area=page&id=19, em 29 Set 09, às 00h29min


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