segunda-feira, 28 de setembro de 2009

PSICOLOGIA DA GRAVIDEZ, PARTO E PÓS-PARTO


A gravidez é um período de transição que faz parte do processo normal de desenvolvimento de um casal. Assim, a maternidade e a paternidade são momentos existenciais de extrema importância no ciclo vital de mulheres e homens. É também durante a gravidez que se iniciam a formação do vínculo pais-filho e a reestruturação da rede de intercomunicação da família, um ponto de partida de um novo equilíbrio dinâmica da unidade familiar. A gestação e o nascimento de um filho fazem a mulher e o homem reverem seu papel como casal e como mãe e pai, e repensarem também a dinâmica da família.

A gravidez é um período único na vida de uma mulher, não importa por quantas ela tenha passado. É um tempo em que a mulher vive da graça de saber que, através dela, está vindo ao mundo um novo ser, com toda sua singularidade. Outra forma de amor começa a ser experimentada. Coração e alma se inundam de curiosidade pela pessoinha que ainda não se conhece e que mudará tudo para sempre. Entre a mãe e o bebê cria-se desde o início uma conexão que tem o signo da perenidade em seus compromissos. Mas também é um tempo de medos e ansiedade, de esperança e de transformações. Enquanto o corpo vai mudando e a expectativa cresce, as exigências do mundo não dão trégua. É preciso continuar a trabalhar, a manter o bom humor, a alimentar-se bem, a cuidar da saúde de si própria e do bebê que está em formação, a cuidar da beleza e, ao mesmo tempo, preparar-se para incondicionalmente amar seu bebê. A vida do homem também muda, e este tem o direito de expor suas dúvidas, angústias e incertezas, e sobretudo, devemos permitir-lhe o prazer de participar desse momento tão único na vida do casal.

A gravidez é uma transição que faz parte do processo normal do desenvolvimento humano, que envolve a necessidade de reestruturação e reajustamento em várias dimensões. Inicialmente verifica-se a mudança de identidade e uma nova definição de papéis: a mulher passa a se olhar e a ser olhada de uma maneira diferente. A grávida além de filha e mulher passa a ser mãe. Evidentemente, o mesmo processo de mudança de identidade e de papel se verifica no homem, e também a paternidade deve ser considerada como uma transição no desenvolvimento emocional do homem.

A complexidade das mudanças provocadas pela vinda do bebê não se restringe apenas às variáveis psicológicas e bioquímicas, os fatores socioeconômicos também são fundamentais. Numa sociedade em que a mulher costuma trabalhar fora, muitas vezes responsável pelo orçamento familiar e, cultiva interesses profissionais e sociais, o fato de ter um filho acarreta conseqüências bastante significativas. Quando houver privações reais, sejam afetivas ou econômicas, aumentam a tensão, intensificam a regressão e a ambivalência. A preocupação com o futuro aumenta as necessidades da grávida e dessa forma intensificam sua frustração, podendo gerar como conseqüência, raiva e ressentimento, que impedem de encontrar gratificação na gravidez.

Outra característica da gravidez como transição é o fato de representar uma possibilidade de atingir novos níveis de integração, amadurecimento e expansão da personalidade. Uma relação saudável implica em perceber e satisfazer de modo adequado as necessidades do bebê.

Ao situar a gravidez como crise ou transição não quer dizer que o período crítico termine com o parto. Na realidade, grande parte das mudanças maturacionais ocorre após o parto e, portanto, é um período considerado como a continuação da situação de transformação, pois implica novas mudanças fisiológicas, consolidação da relação pais-filho e grandes modificações da rotina e do relacionamento familiar.

É importante enfatizar que o nascimento de um filho é uma experiência familiar. Portanto, para se atingir o objetivo de oferecer uma assistência pré-natal mais global, é necessário pensar não apenas em termos de “mulher grávida”, mas também de “família grávida”. Desde o conhecimento da gravidez até as primeiras semanas após o parto, quando a interação entre mãe e bebê é extremamente próxima e o marido-pai participa ativamente, forma de fato uma tríade familiar.


Retirado do livro: Psicologia da Gravidez, Parto e Puerpério, de autoria da psicóloga Maria Tereza Maldonado (Ed. Saraiva)

Texto Elaborado pela Enfermeira Obstetra Leila Regina Wolff


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